domingo, janeiro 15, 2006

Aspecto gráfico e saber

Recentemente foram feitas algumas críticas ao design do nosso sítio e blogue. Umas apresentadas no blogue, outras por e-mail. Umas elogiosas, outras nem por isso. Aceitamos essas críticas. Agradecemos todas as mensagens que nos foram dirigidas, até mesmo aquelas que, sendo destrutivas, acabam sempre por servir de incentivo a fazer melhor.
Não estamos só preocupados com o design da nossa página, como com todo o aspecto do projecto “Válega na Internet”. Como foi exposto nos textos a respeito deste projecto, o design faz parte do equilíbrio a encontrar entre o aspecto gráfico, a navegabilidade e o valor real dos conteúdos e da informação para as diferentes colectividades e cidadãos.
Há um enorme contraste entre o aspecto da página e o do blogue. Inicialmente foi escolhido fundo preto para o blogue, porque facilita a leitura, diminui o esforço visual. No entanto, aceitamos que este fundo exerce também algum choque. O preto é, para todos os efeitos, uma cor forte e alvo legítimo de discussão. Ao fazermos esta escolha, julgamos todavia que a simplicidade e a facilidade de leitura podem ajudar a diminuir de algum modo o choque provocado pelo preto. (Há aqui a melhorar a largura da coluna de texto. Caso seja mais estreita, facilita ainda mais a velocidade de leitura).
O contraste entre a página e o blogue parece-me legítimo se o fundamentarmos na diferença de natureza dos dois espaços. O blogue pode ser sempre um espaço de maior informalidade, de maior proximidade entre as instituições e a comunidade. Não estando de todo excluída a possibilidade de aumentar ainda mais essa proximidade por intermédio de um fórum.
Ao contrário daquilo que algumas críticas sugerem não creio que o sítio seja de mau gosto. Se há coisa que se pode discutir e que se discute é o gosto. A redacção dos estatutos do CCV foi feita com base na crença da sua discutibilidade e ensinabilidade. A alínea e) dos nossos objectivos defende o seguinte: “Contribuir para uma ampliação, formação e solidificação de horizontes culturais e gosto crítico dos participantes nas actividades propostas pelo Cine Clube”. Ou seja, no seguimento de Immanuel Kant − e tantos outros especialistas em estética − acreditamos numa crítica do gosto e, com isso, também na sua educabilidade.
Julgo que uma pessoa bem-educada neste âmbito não poderá dizer que o actual aspecto do sítio é mau. A combinação de cores, a simplicidade e a despretensão com que se apresenta bloqueiam de todo a possibilidade de que uma tal crítica seja bem fundamentada. Pelo contrário, abre a possibilidade de o crítico em questão estar a ser vítima de um baixo sentimento de inveja. O que, a verificar-se, não diz muito bem da sua inteligência emocional e das suas capacidades estéticas. A tudo isto acrescenta-se ainda a manifesta cobardia do anonimato que, mesmo quando contornada por pseudónimos ou pela constituição de pseudo-indentidades digitais, em nada abona a favor do carácter do crítico.
Por fim, convém explicitar que o aspecto gráfico da página não foi construído pelo CCV, mas sim por uma equipa de designers chineses. Poderão recolher mais informação a respeito dessa equipa nas ligações existentes no fundo da página do sítio. Apenas escolhemos este modelo de entre os muitos disponíveis em regime de integral gratuitidade. Há a sublinhar aqui duas coisas. Em primeiro lugar, a generosidade daqueles que põem o seu trabalho à disposição de todos. É um exemplo de que há coisas muito boas na Internet. Ainda há quem trabalhe em regime de gratuitidade. Esta bondade só nos pode deixar um grato sorriso no canto dos lábios. Em segundo lugar, convém sublinhar que a China já se pode dar ao luxo de formar equipas de designers com este nível de qualidade a trabalhar de graça. Em termos económicos uma freguesia como a de Válega tem muito a aprender nesta área. Um designer chinês ou indiano pode vencer um português. Se quisermos evitar que as próximas gerações de valeguenses sejam a mão-de-obra barata da China ou da Índia, países que actualmente investem forte e bem na educação, temos de adquirir e produzir conhecimento. O saber − incluindo o saber do gosto − é uma das mais seguras garantias de salários altos no século XXI.
No CCV não acreditamos poder resolver este problema sozinhos, mas podemos dar uma ajuda. Essa ajuda consiste no aperfeiçoamento de conhecimentos estéticos e informáticos. Somos uma entidade sem fins lucrativos que põe gratuitamente os seus recursos à disposição da comunidade. A nossa mais valia pode consistir na criação de uma tradição de constituição de saberes por si mesmo geradores de riqueza humana e material.
Para terminar, agradecemos uma vez mais todas as críticas e vamos trabalhar para fazer ainda melhor!
P.s.: Deixo este conteúdo à vossa consideração. Posteriormente, em função das vossas críticas, remodelá-lo-ei e publicarei no sítio, numa secção de opinião ainda a criar.