terça-feira, fevereiro 21, 2006

O Segredo de Brokeback Mountain

(Direcção de Ang Lee - cineasta chinês que também dirigiu O TIGRE E O DRAGÃO)

Um dos filmes com maior número de indicações para os Oscares deste ano, em oito categorias, com nove indicações para o BAFTA, quatro indicações ao Independent Spirit Awards, ganhou quatro Globos de Ouro nas categorias de Melhor Filme: Drama; Melhor Director; Melhor Roteiro e Melhor Canção Original ("A Love that will never grow old"). Mas não seriam necessárias tantas nomeações e indicações para atestar a qualidade do filme. É muito simples: basta ir ver o filme para o comprovar de mote próprio.
Se este filme tivesse outro título poderia, à semelhança do Orgulho e Preconceito, manter no nome dois sentimentos: Amor e Preconceito!
No verão de 1963, dois jovens (Jack Twist e Ennie Del Mar) são contratados para cuidar das ovelhas de Joe Aguire nas lindíssimas mas isoladas montanhas que são conhecidas como Brokeback Mountain. Com motivações diferentes na vida para realizar após o propósito de juntarem dinheiro com este trabalho, Jack quer ser cowboy e Ennie casar com a sua noiva Alma. A sua amizade vai aumentando até iniciarem um relacionamento amoroso que surge muito espontaneamente. No final do Verão, cada um segue a sua vida até um novo reencontro, passados quatro anos após aquele verão em Brokeback Mountain; reencontro esse que se irá manter com uma relativa frequência no mesmo local, durante as suas vidas.
É um filme emocionante que para além de tocar a questão do preconceito sexual conducente aos inevitáveis recalcamentos a nível do individual e do social, leva a uma reflexão aprofundada e sentida sobre o Amor e as prioridades que são estabelecidas por nós mesmos. A dada altura do drama, esquecemos que as personagens que vivem este amor escondido pertencem ao mesmo sexo, e experienciamos, ao máximo, os conflitos das opções de vida, as exigências do trabalho, os preconceitos da sociedade e os medos pessoais. Sentimos, esperamos, sofremos e lamentamos.
O amor é a questão central e o que é que vale a pena sacrificar (ou não?!) em nome desse mesmo sentimento é a resposta que o filme nos apresenta no seu final...uma promessa.

Susana Júlio