quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Modelo de lentes

Recentemente tenho estado a pensar num modo diferente de pensar filmes. Já expus o comentário a um filme de um modo aproximado àquele em que estou a pensar.
Aviso desde já que não tenho qualquer pretensão de considerar este modelo uma novidade. É bem possível que já antes alguém o tenha utilizado.
À falta de um nome melhor, pela falta de notícia de um nome já existente para este tipo de abordagem, vou chamar-lhe “modelo de lentes”.
O modo de aproximação a um filme por este modelo não se preocupa em dar notícia do argumento do filme, em criticar os actores, o guião ou a consistência e verosimilhança das personagens.
Aquilo que nele se procura fazer é a recolha de textos de qualquer área que, não tendo sido escritos a pensar no filme, podem ser utilizados como “lentes” de interpretação do mesmo.
De algum modo, já tentei fazer este tipo de trabalhos há alguns anos atrás, quando trabalhei na vertente cultural do Interjovens e mais tarde num estágio de filosofia.
Encontrei no cinema e na literatura uma forma de narração vivida por personagens que estão confrontadas com problemas muitas vezes estudados e debatidos na filosofia. Digamos que o cinema, o teatro e a literatura são capazes de contar histórias em que os problemas filosóficos ganham vida, como que são encarnados. Problemas que quando são lidos nos livros de filosofia parecem excessivamente idealizados, argumentativos e de difícil compreensão. Mas que encontram, porém, nestas diferentes formas de arte um lugar onde parecem estar vivos, onde se manifestam com vigor.
É assim possível que, em breve, escreva de acordo com este modelo um “lentes para Munique”, e depois desse surjam outros. Será feita aí uma compilação de textos clássicos em que são debatidos problemas que no filme fazem parte da vida das próprias personagens.

2 Comentários:

Anonymous Anónimo Escreveu...

após ter lido este texto apercebi-me que, de um modo muito mais caótico ou menos sistemático, tenho feito sempre isso.

um abraço

3/3/06 11:45  
Blogger rodrigueswilson Escreveu...

Olá Paulo! Há quantos anos?!
Obrigado por teres passado por aqui.

Realmente esta parece-me ser a forma mais natural de pensar num filme - ou noutra qualquer realidade - pelo registo de semelhanças e diferenças a outras histórias, filmes, livros. Tudo à procura de compreensões, padrões e teorias...
Um grande abraço para ti!

5/3/06 20:34  

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