Judas − Uma tradição saudável e recomendável!
Um pouco por todo o país há a tradição de pendurar um Judas na noite de Páscoa. Por vezes, nalguns lugares, o boneco é utilizado para fazer crítica social.
Este ano, na minha terra, fui eu o eleito! A tradição continua e, no meu entender, está a ficar cada vez melhor.
Fiquei enternecido ao olhar para este boneco. Demonstra um grande cuidado em retratar-me, algumas horas de trabalho e dedicação afincada. Digamos que é uma brincadeira inofensiva e bem-humorada.
Os temas referidos são aqueles em que deposito mais carinho e atenção: o CCV, a Filosofia e o nada.
A frase “sou o que faço nada” é uma citação. Passo a vida a dizer isso. Está relacionada com a minha tese de doutoramento em Filosofia Moderna que tem por título: “O mundo como nada − da possibilidade de uma mudança de perspectiva, considerada a partir de Pascal”. Graças a ela acabo por ser um especialista no tema do “nada”. Sempre que posso entretenho-me a brincar e a fazer piadas sobre o assunto.
De momento, em Portugal só conheço uma investigadora que se dedicou ao estudo do “nada”, mas numa perspectiva bastante diferente da minha. O conceito foi amplamente estudado desde os primórdios da História da Filosofia. Há mais de dois mil anos, na Grécia Antiga, já ocupava um lugar central nos textos de Parménides. Jean-Paul Sartre, Prémio Nobel da Literatura, dedicou também a sua obra-prima, “O ser e o nada”, ao estudo do “nada”.
A frase recorda também a ociosidade, o não fazer nada. De acordo com Aristóteles a ociosidade é um princípio e um requisito para fazer Filosofia. Quem está demasiado ocupado, mergulhado em trabalhos e preso a bens materiais não tem tempo para pensar, por isso não consegue filosofar. Logo, para poder fazer Filosofia acabo por ser − aristotelicamente falando − obrigado a fazer nada! Podem crer que é uma das maiores bênçãos e motivos de felicidade que a vida me deu. Há milhões de humanos que, mesmo sem saber e mesmo sem poder, adorariam saber e poder fazer o que eu faço.
Até mesmo as alusões sexuais − a resvalar para o mau gosto e sem grande imaginação − são bem-vindas uma vez que estas coisas são assim mesmo: populares e zombeteiras!
Por não me terem ofendido, por se terem dedicado tanto e com tanta fidelidade ao original, por terem madrugado enquanto dormia refastelada e tranquilamente, só posso ficar agradecido. É com simpatia que dou os meus sinceros parabéns aos empenhados autores. Se para o ano quiserem repetir, estou disposto a colaborar, desde que não tenha de acordar tão cedo.
VIVA A TRADIÇÃO E A TODOS O MEU BEM-HAJA!
P.s.: Agradeço ao fotógrafo o envio da foto.
Este ano, na minha terra, fui eu o eleito! A tradição continua e, no meu entender, está a ficar cada vez melhor.
Fiquei enternecido ao olhar para este boneco. Demonstra um grande cuidado em retratar-me, algumas horas de trabalho e dedicação afincada. Digamos que é uma brincadeira inofensiva e bem-humorada.
Os temas referidos são aqueles em que deposito mais carinho e atenção: o CCV, a Filosofia e o nada.
A frase “sou o que faço nada” é uma citação. Passo a vida a dizer isso. Está relacionada com a minha tese de doutoramento em Filosofia Moderna que tem por título: “O mundo como nada − da possibilidade de uma mudança de perspectiva, considerada a partir de Pascal”. Graças a ela acabo por ser um especialista no tema do “nada”. Sempre que posso entretenho-me a brincar e a fazer piadas sobre o assunto.
De momento, em Portugal só conheço uma investigadora que se dedicou ao estudo do “nada”, mas numa perspectiva bastante diferente da minha. O conceito foi amplamente estudado desde os primórdios da História da Filosofia. Há mais de dois mil anos, na Grécia Antiga, já ocupava um lugar central nos textos de Parménides. Jean-Paul Sartre, Prémio Nobel da Literatura, dedicou também a sua obra-prima, “O ser e o nada”, ao estudo do “nada”.
A frase recorda também a ociosidade, o não fazer nada. De acordo com Aristóteles a ociosidade é um princípio e um requisito para fazer Filosofia. Quem está demasiado ocupado, mergulhado em trabalhos e preso a bens materiais não tem tempo para pensar, por isso não consegue filosofar. Logo, para poder fazer Filosofia acabo por ser − aristotelicamente falando − obrigado a fazer nada! Podem crer que é uma das maiores bênçãos e motivos de felicidade que a vida me deu. Há milhões de humanos que, mesmo sem saber e mesmo sem poder, adorariam saber e poder fazer o que eu faço.
Até mesmo as alusões sexuais − a resvalar para o mau gosto e sem grande imaginação − são bem-vindas uma vez que estas coisas são assim mesmo: populares e zombeteiras!
Por não me terem ofendido, por se terem dedicado tanto e com tanta fidelidade ao original, por terem madrugado enquanto dormia refastelada e tranquilamente, só posso ficar agradecido. É com simpatia que dou os meus sinceros parabéns aos empenhados autores. Se para o ano quiserem repetir, estou disposto a colaborar, desde que não tenha de acordar tão cedo.
VIVA A TRADIÇÃO E A TODOS O MEU BEM-HAJA!
P.s.: Agradeço ao fotógrafo o envio da foto.
2 Comentários:
fantástico, na minha terra não se faz isto!!! grande post, o texto suplanta em muito o motivo que lhe deu vida ;)
"Os temas referidos são aqueles em que deposito mais carinho e atenção: o CCV, a Filosofia e o nada" > E COIMBRA!!! lol É UMA BOA CIDADE... a dos estudantes.
Enviar um comentário
<< Principal