O coveiro é um semeador
O coveiro é um semeador. Semeia corpos. Somente não tem a esperança nem o amor das colheitas. Quem sabe se os corpos, que se atiram à vala, sementes fúnebres, se abrem, lá em cima, em searas divinas de que nós apenas vemos a ponta das raízes, que são as estrelas? Mas não. A alma morre. O corpo revive e dissipa-se na matéria enorme.
É na alma que estão as más vontades, os negros remorsos, as lacerações do mal: o corpo desce livre, novo e são para as uberdades limosas das covas.
Quando chega o último frio, ódios, amores, tristezas, invejas, melancolias, desejos, todos cansados das lutas e da vida, dizem à natureza como gladiadores vencidos:
− Os que vão morrer saúdam-te! − E morrem.
Eça de Queiroz, Obras de Eça de Queiroz; Lello & Irmão – Editores, Porto, [Prosas Bárbaras. Misticismo humorístico, p. 616].
Foto: Brilhar, de Mystic Angel.
É na alma que estão as más vontades, os negros remorsos, as lacerações do mal: o corpo desce livre, novo e são para as uberdades limosas das covas.
Quando chega o último frio, ódios, amores, tristezas, invejas, melancolias, desejos, todos cansados das lutas e da vida, dizem à natureza como gladiadores vencidos:
− Os que vão morrer saúdam-te! − E morrem.
Eça de Queiroz, Obras de Eça de Queiroz; Lello & Irmão – Editores, Porto, [Prosas Bárbaras. Misticismo humorístico, p. 616].
Foto: Brilhar, de Mystic Angel.
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