quarta-feira, fevereiro 22, 2006

O desastre do sensível e modos de conhecimento II

A conferência de hoje de Augusto M. Seabra referiu o cinema como uma forma de constituição de compreensões do mundo. O cinema nos seus diferentes mecanismos de criação de sentido, acaba por criar também lentes do mundo − note-se que neste blogue tem sido procurado um sistema de lentes para os filmes. Seabra procura nos filmes lentes para o mundo, sistemas de aumento de lucidez sobre o mundo.
Para mim que me começo a preocupar mais com filmes, e que já antes me preocupava com a utilização de filmes no ensino da Filosofia, é importante ouvir alguém indicar este tipo de papel para o cinema. Na verdade, considero que tal como a Filosofia, também o cinema pode funcionar como sistema de pôr a descoberto a realidade, de aumentar conhecimento e lucidez sobre o mundo.
A tese de Seabra estendeu-se mesmo à possibilidade de fazer uma espécie de mapa-mundo dos imaginários cinematográficos e de a sala de cinema poder constituir um observatório de diferentes sistemas de representação. O que, a juntar ao facto de no cinema se poderem descobrir personagens diferentes de todas aquelas que anteriormente se conheceu, conferem a esta arte uma forma de proporcionar a alegria de encontrar uma novidade até aí nunca observada pelo espectador.