Aventuras de João Sem Medo
Recentemente li as Aventuras de João Sem Medo de José Gomes Ferreira. O livro encontra-se naquele género de obras que agrada a pequenos e a graúdos, a crianças, adolescentes e adultos. Ao longo da história acompanhamos as aventuras deste rapaz que, contra todas as dificuldades, persiste em seguir pelos caminhos mais difíceis e a encontrar uma verdadeira felicidade sem que para isso tenha de vender a alma, ou abdicar do que realmente pensa.
À semelhança do que acontece em Alice no país das maravilhas ou das Viagens de Gulliver o livro pode ser visto como um verdadeiro tratado filosófico. Alguns capítulos são isoladamente suficientes para isso.
O capítulo “A sala sem portas” é por si só um importante texto de filosofia. Com ele seria relativamente fácil trabalhar a noção de imaginação (enquanto sonho deambulante que se tem em estado de vigília) ou, as já anteriormente referidas, vontade de poder, bem e verdade.
No início desse capítulo João Sem Medo está transformado em fonte. Em consequência disso, A Assembleia Geral do Sindicato das Fadas decide que o rapaz deve ser consolado. Para esse efeito, João é posto numa sala sem portas, isolado de toda a realidade envolvente, e deixado aos cuidados da Fada do Sonho.
É então que começa a formular os seus desejos. Deseja ser o homem mais rico do mundo (vontade de poder) e a seguir o Rei Absoluto do Reino de Coisa Nenhuma. No exercício do cargo decide extrair o estômago e a barriga a todos os súbditos. Com isso julga resolver genialmente a crise económica.
Por fim, João Sem Medo resolve ser santo (vontade de bem) e quando já está farto de toda a sua riqueza, realeza e santidade imaginária suplica pela realidade (vontade de verdade).
A Fada do Sonho decide regressar então a casa. João Sem Medo pergunta: “Onde moras?” Ao que a Fada responde: “Dentro de ti”.
Não sei se há fadas dentro de nós. No entanto, não duvido de que todos os humanos encontram na imaginação − nessa sala sem portas, nem espaço onde não existem os obstáculos da realidade − uma expressão das suas mais básicas vontades. É algures por aí que se encontra cada um de nós, cada uma das personagens dos filmes a que assistimos, dos livros que lemos. Esses mesmos que em momentos de delírio julgam ser reis de reinos inexistentes, justiceiros de cidades fantasma, salvadores de desalmados, intelectuais de saberes ilusórios, são as personagens e, em suma, somos nós.
À semelhança do que acontece em Alice no país das maravilhas ou das Viagens de Gulliver o livro pode ser visto como um verdadeiro tratado filosófico. Alguns capítulos são isoladamente suficientes para isso.
O capítulo “A sala sem portas” é por si só um importante texto de filosofia. Com ele seria relativamente fácil trabalhar a noção de imaginação (enquanto sonho deambulante que se tem em estado de vigília) ou, as já anteriormente referidas, vontade de poder, bem e verdade.
No início desse capítulo João Sem Medo está transformado em fonte. Em consequência disso, A Assembleia Geral do Sindicato das Fadas decide que o rapaz deve ser consolado. Para esse efeito, João é posto numa sala sem portas, isolado de toda a realidade envolvente, e deixado aos cuidados da Fada do Sonho.
É então que começa a formular os seus desejos. Deseja ser o homem mais rico do mundo (vontade de poder) e a seguir o Rei Absoluto do Reino de Coisa Nenhuma. No exercício do cargo decide extrair o estômago e a barriga a todos os súbditos. Com isso julga resolver genialmente a crise económica.
Por fim, João Sem Medo resolve ser santo (vontade de bem) e quando já está farto de toda a sua riqueza, realeza e santidade imaginária suplica pela realidade (vontade de verdade).
A Fada do Sonho decide regressar então a casa. João Sem Medo pergunta: “Onde moras?” Ao que a Fada responde: “Dentro de ti”.
Não sei se há fadas dentro de nós. No entanto, não duvido de que todos os humanos encontram na imaginação − nessa sala sem portas, nem espaço onde não existem os obstáculos da realidade − uma expressão das suas mais básicas vontades. É algures por aí que se encontra cada um de nós, cada uma das personagens dos filmes a que assistimos, dos livros que lemos. Esses mesmos que em momentos de delírio julgam ser reis de reinos inexistentes, justiceiros de cidades fantasma, salvadores de desalmados, intelectuais de saberes ilusórios, são as personagens e, em suma, somos nós.
0 Comentários:
Enviar um comentário
<< Principal