domingo, fevereiro 12, 2006

Criação de personagens

Para criar uma personagem credível talvez seja bom ter em conta Aristóteles: “Toda a perícia e todo o processo de investigação, do mesmo modo todo o procedimento prático e toda a decisão, parecem lançar-se para um certo bem. É por isso que tem sido dito acertadamente que o bem é aquilo por que tudo anseia”. (Aristóteles, Ética a Nicómaco; Trad. António C. Caeiro, Quetzal Editores/Bertrand Editora, Lisboa, 2004. 1094a1).
Este tipo de considerações poderá contribuir para a consistência de uma personagem, mas também se poderá constituir num grande desafio se se proceder a uma inversão. Mas o que seria uma inversão deste princípio aristotélico? Quem poderia procurar deliberadamente um mal, sabendo disso e não vendo nisso qualquer indício de benignidade? Seria uma tal personagem possível?
− Duvido. Não consigo imaginar como sendo assim nem o próprio diabo.