Vontade de bem, poder e verdade
Uma das coisas que me preocupa na criação de uma personagem é a sua consistência e verosimilhança. Há, pela certa, quem o consiga fazer apenas por recurso ao talento, porém, um pouco de estudo não será obstáculo ao efeito pretendido.
Cada personagem está forçosamente embarcada na petição de algo que lhe faça bem, que a satisfaça, que lhe traga algum conhecimento ou poder. De um modo sistematizado estas petições podem ser reduzidas a três inclinações fundamentais: volúpia, curiosidade e orgulho. Estas diferentes formas de petição não são necessariamente exclusivas em cada humano. A personagem poderá ser pensada nas suas acções como sendo um resultado das três, dos vícios e virtudes que lhes possam estar associadas.
O tema é amplo. De momento estou a estudá-lo apenas a partir da leitura de Philippe Sellier, Pascal et saint Augustin. Hoje o texto remeteu-me para os textos bíblicos em que a serpente seduz Eva, em que o diabo tenta Cristo e em que João enumera as três concupiscências (volúpia, curiosidade e orgulho), assim como para textos de Agostinho e Pascal sobre o assunto.
Os textos bíblicos não são meros registos religiosos, referências a um mundo que não vemos. Estão a dizer aquilo que de cada vez se passa connosco humanos e aquilo que somos. Não existem serpentes que falam, mas a sedução da serpente é um discurso forte e apelativo. Dirigido a vontades tão básicas como a de comer, a de saber distinguir o que faz bem do que faz mal e, acima de tudo, a de orgulhosamente se comparar a um Deus.
Bem vistas as coisas é o que se passa com esta humanidade, no seu dia a dia, em tudo que a cada momento desperta interesse. Quantos não se acobardam e engolem todo o tipo de sapos sempre que está em causa o sustento? Quantos não se arriscam a ser apanhados atrás das portas a ouvir conversas alheias? Qual é a criada de um homem famoso que não se orgulha de o ser?
Cada personagem está forçosamente embarcada na petição de algo que lhe faça bem, que a satisfaça, que lhe traga algum conhecimento ou poder. De um modo sistematizado estas petições podem ser reduzidas a três inclinações fundamentais: volúpia, curiosidade e orgulho. Estas diferentes formas de petição não são necessariamente exclusivas em cada humano. A personagem poderá ser pensada nas suas acções como sendo um resultado das três, dos vícios e virtudes que lhes possam estar associadas.
O tema é amplo. De momento estou a estudá-lo apenas a partir da leitura de Philippe Sellier, Pascal et saint Augustin. Hoje o texto remeteu-me para os textos bíblicos em que a serpente seduz Eva, em que o diabo tenta Cristo e em que João enumera as três concupiscências (volúpia, curiosidade e orgulho), assim como para textos de Agostinho e Pascal sobre o assunto.
Os textos bíblicos não são meros registos religiosos, referências a um mundo que não vemos. Estão a dizer aquilo que de cada vez se passa connosco humanos e aquilo que somos. Não existem serpentes que falam, mas a sedução da serpente é um discurso forte e apelativo. Dirigido a vontades tão básicas como a de comer, a de saber distinguir o que faz bem do que faz mal e, acima de tudo, a de orgulhosamente se comparar a um Deus.
Bem vistas as coisas é o que se passa com esta humanidade, no seu dia a dia, em tudo que a cada momento desperta interesse. Quantos não se acobardam e engolem todo o tipo de sapos sempre que está em causa o sustento? Quantos não se arriscam a ser apanhados atrás das portas a ouvir conversas alheias? Qual é a criada de um homem famoso que não se orgulha de o ser?
1 Comentários:
«O homem é a inteligência, é a sabedoria, é numa palavra o deus que está em nós, e que em nós constitui a espécie de alma mais perfeita, aquela que Deus deu a cada um como um génio, que nós dizemos residir na parte superior do nosso corpo, e que nos eleva desta terra em direcção ao nosso parentesco celeste.»
Imperador Juliano
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