terça-feira, março 21, 2006

É urgente o amor

É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.


Poema: Eugénio de Andrade
Foto: Paulo de Sousa

4 Comentários:

Anonymous Anónimo Escreveu...

Com um dia de atraso para o Dia da Poesia...mas como os dias são dias de tudo o que queremos...um poema de Manuel Alegre:

UM SINAL

Era já noite mas eu corria
corria cegamente pela página fora.
Ou era talvez a rua. Corria
para um encontro
não sei ao certo de quê nem
de
quem.
Um nome um rosto
um corpo nu deitado no abismo.
Mas era uma estrela
que me
guiava.
Eua um sismo
era um vento.
Ou talvez a palavra. Ou talvez a palavra.
E por isso eu corria
loucamente corria pela noite dentro.

in LIVRO DO PORTUGUÊS ERRANTE

22/3/06 08:56  
Blogger rodrigueswilson Escreveu...

Um atraso destes é difícil de perdoar. E que tal mais um poema e uma foto para o blogue?! Quem sabe até mesmo um poema original e uma foto original?!

Susana, que a imaginação esteja contigo!
;)

22/3/06 22:49  
Anonymous Anónimo Escreveu...

Então...que não haja atrasos no perdão. A procura "sobre" a imaginação!!

23/3/06 01:20  
Anonymous Anónimo Escreveu...

Um poema de Mia Couto:

O verso...

"O verso
une o verso,
universo em página única
de um só lado, sem verso.
A parte,
então, parte o colar
missanga entre palavras: nasce o particular.
Assim,
no bulir da vida,
o abolir da morte."


...não serão estes os únicos versos por aqui!! ; )

23/3/06 02:29  

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