sábado, março 25, 2006

A verdade desmedida


No dia-a-dia
Conta gotas
De que sou eu e não outra
A viver só esta vida.
O desejo cego que me leva
A vestir
Uma capa fria
Faz-me perder
Nos caminhos uterinos de mim mesma
Onde me cruzo
Vezes sem fim
Sem me reconhecer.
Numa linha de horizonte
Recortada entre a terra e o mar.
E uma existência
Assim tão dividida
Cria o ser insensível
Que finge ter sentimentos
Para não ser só mais um fantasma
Sem ter mundo para assombrar.


Foto e poema: Susana Júlio