Tudo o que é mau faz bem
“The sky is not falling. In many ways, the weather has never been better. It just takes a new kind of barometer to tell the difference.” Steven Johnson, Everything Bad is Good for you; Penguin Books, London, 2005. p. XII.
Steven Johnson veio ontem à Fnac do Colombo apresentar o seu mais recente livro “Tudo o que é Mau Faz Bem”. A apresentação foi feita em diálogo com Ana Sousa Dias, a anterior entrevistadora do programa As Escolhas de Marcelo Rebelo de Sousa e Eduardo Sintra Torres, crítico de televisão.
Uma impressão rápida do título sugere uma perversão moral: o que é mau é bom! Porém, não se trata disso. O livro é um desafio às leis da gravidade que regem o universo intelectual dos críticos da cultura popular actual. A generalidade das críticas à cultura de massas tende a defender que a comunicação social, as revistas, os jornais, os jogos de computador e os programas televisivos vão de mal a pior. Nesta legislação universal os produtos de entretenimento, formação e informação tendem a ser postos no lugar onde está o que é mau e outras personagens conceptuais consanguíneas: a ignorância, a estupidez e a infantilidade dos adultos.
Este livro procura mostrar por A mais B que as leis comuns da crítica estão erradas. Os jogos de computador, as séries televisivas e a Internet estão a tornar as massas mais inteligentes. Porquê? Porque são produtos cada vez mais complexos, porque envolvem um cada vez maior número de operações mentais.
O livro funda-se na teoria da “curva de Sleeper”. Sleeper é um filme de Woody Allen em que um homem é mantido congelado durante décadas. Quando é acordado os médicos informam-no de que a gordura, o álcool e o tabaco fazem bem à saúde. Durante o tempo em que a personagem dorme os cientistas descobrem que aquilo que se julgava fazer mal, na verdade, até faz bem. Assim acontece com as séries que vemos numa aparente passividade e os jogos de computador que supostamente nos afastam da vida social. Aparentemente estupidificam-nos. Contra tudo isto Johnson defende que na verdade estão a tornar-nos mais inteligentes. Depois de ter visto Os Simpson, o 24 ou Os Sopranos quem consegue ver um episódio do Dallas até ao fim sem morrer de tédio? Porque motivo nos aborrece agora o Dallas? Talvez porque nos tenhamos tornado mais inteligentes.
A apresentação do livro passou por temas como o lugar dos videojogos na educação, a importância do livro tradicional na exposição de ideias, a relação de causalidade existente entre a massificação dos gravadores de vídeo e a melhoria das séries televisivas, a história do ponto de vista dos gestores das grelhas de programação televisiva, o diálogo entre os novos redactores de séries e os trabalhos dos fãs na Internet, a comparação entre concursos como O preço certo e o Big Brother entre outros reality shows.
O autor nasceu em Brooklin. Na infância foi viciado em jogos de Baseball que podem ser vistos hoje como os antepassados dos jogos com cartões de estatísticas, como o mais recente Dungeons & Dragons, ou o jogo informático Championship Manager. Na universidade estudou Semiótica e Literatura Inglesa. Actualmente escreve para a Wired, The New York Times e The Wall Street Journal.
Numa época de intelectualidade grave e bafienta este livro traz uma lufada de ar fresco.
http://www.stevenberlinjohnson.com/
Steven Johnson, Tudo o que é Mau Faz Bem; Trad. Maria do Carmo Figueira, Lua de Papel, Neurónios, Lisboa, 2006.
Steven Johnson veio ontem à Fnac do Colombo apresentar o seu mais recente livro “Tudo o que é Mau Faz Bem”. A apresentação foi feita em diálogo com Ana Sousa Dias, a anterior entrevistadora do programa As Escolhas de Marcelo Rebelo de Sousa e Eduardo Sintra Torres, crítico de televisão.
Uma impressão rápida do título sugere uma perversão moral: o que é mau é bom! Porém, não se trata disso. O livro é um desafio às leis da gravidade que regem o universo intelectual dos críticos da cultura popular actual. A generalidade das críticas à cultura de massas tende a defender que a comunicação social, as revistas, os jornais, os jogos de computador e os programas televisivos vão de mal a pior. Nesta legislação universal os produtos de entretenimento, formação e informação tendem a ser postos no lugar onde está o que é mau e outras personagens conceptuais consanguíneas: a ignorância, a estupidez e a infantilidade dos adultos.
Este livro procura mostrar por A mais B que as leis comuns da crítica estão erradas. Os jogos de computador, as séries televisivas e a Internet estão a tornar as massas mais inteligentes. Porquê? Porque são produtos cada vez mais complexos, porque envolvem um cada vez maior número de operações mentais.
O livro funda-se na teoria da “curva de Sleeper”. Sleeper é um filme de Woody Allen em que um homem é mantido congelado durante décadas. Quando é acordado os médicos informam-no de que a gordura, o álcool e o tabaco fazem bem à saúde. Durante o tempo em que a personagem dorme os cientistas descobrem que aquilo que se julgava fazer mal, na verdade, até faz bem. Assim acontece com as séries que vemos numa aparente passividade e os jogos de computador que supostamente nos afastam da vida social. Aparentemente estupidificam-nos. Contra tudo isto Johnson defende que na verdade estão a tornar-nos mais inteligentes. Depois de ter visto Os Simpson, o 24 ou Os Sopranos quem consegue ver um episódio do Dallas até ao fim sem morrer de tédio? Porque motivo nos aborrece agora o Dallas? Talvez porque nos tenhamos tornado mais inteligentes.
A apresentação do livro passou por temas como o lugar dos videojogos na educação, a importância do livro tradicional na exposição de ideias, a relação de causalidade existente entre a massificação dos gravadores de vídeo e a melhoria das séries televisivas, a história do ponto de vista dos gestores das grelhas de programação televisiva, o diálogo entre os novos redactores de séries e os trabalhos dos fãs na Internet, a comparação entre concursos como O preço certo e o Big Brother entre outros reality shows.
O autor nasceu em Brooklin. Na infância foi viciado em jogos de Baseball que podem ser vistos hoje como os antepassados dos jogos com cartões de estatísticas, como o mais recente Dungeons & Dragons, ou o jogo informático Championship Manager. Na universidade estudou Semiótica e Literatura Inglesa. Actualmente escreve para a Wired, The New York Times e The Wall Street Journal.
Numa época de intelectualidade grave e bafienta este livro traz uma lufada de ar fresco.
http://www.stevenberlinjohnson.com/
Steven Johnson, Tudo o que é Mau Faz Bem; Trad. Maria do Carmo Figueira, Lua de Papel, Neurónios, Lisboa, 2006.
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